Fungos coprófilos constituem um grupo de organismos encontrados entre os Eumicetos (nos filos Zygomycota, Ascomycota e Basidiomycota), mas também entre pseudofungos (entre os Myxomycetes, Oomycetes e Myxobacteria), que apresentam adaptações ecológicas variadas, de modo que seus esporos são ingeridos por animais, sobrevivem à passagem pelo trato digestivo e, ao serem eliminados nas fezes, encontram um ambiente favorável para germinar e reiniciar o ciclo de vida. Apesar do seu importante papel na decomposição da matéria fecal e na ciclagem de nutrientes, pouco se conhece sobre a diversidade, ecologia e potencial de aplicações biotecnológicas deste grupo no país. Este trabalho teve por objetivo realizar um levantamento da diversidade de fungos coprófilos no Brasil Central, caracterizá-los quanto aos seus aspectos ecológicos, estabelecer uma coleção herborizada de referência para o grupo; além de verificar a distribuição das espécies conhecidas para o país. Foram realizadas coletas de substratos fecais de diversas espécies animais em ambientes naturais e antropogênicos de diferentes municípios de Goiás e do Distrito Federal, os quais foram incubados em câmara úmida. As frutificações obtidas foram identificadas taxonomicamente e caracterizadas quanto à riqueza, diversidade morfológica, ecológica, taxonômica e investigar a relação entre a estrutura da comunidade fúngica e o tipo de substrato. O voucher dos espécimes estudados foi depositado no Herbário da Universidade Estadual de Goiás (HUEG). Para a elaboração da checklist, foi realizado um levantamento bibliográfico em artigos científicos que atestavam a ocorrência de fungos sobre fezes no Brasil, publicados entre 1900 e 2013. A avaliação das frutificações obtidas permitiu assinalar 238 ocorrências de fungos lato sensu, em 12 diferentes tipos de substratos, as quais estavam distribuídas em 54 espécies, 24 gêneros, 18 famílias, 10 ordens e quatro filos. Quatorze espécies são novos registros para o Distrito Federal, seis são novos registros para o estado de Goiás; 10 são novos para a região Centro-Oeste e seis são novas ocorrências para o Brasil. As fezes de herbívoros, como cavalo, vaca e veado- catingueiro, mostraram-se mais propícias ao desenvolvimento dos fungos em comparação com as de aves e outros onívoros, embora a composição de espécies tenha variado pouco em relação ao hábito herbívoro monogástrico ou ruminante. Foi observado padrão sucessional com sequencia de substituição de frutificações, onde iniciamente surgiam zigomicetos, posteriormente os ascomicetos, e basidiomicetos. Co-ocorrências entre os filos era observada para zigomicetos e ascomicetos e entre ascomicetos e basidiomicetos. A maior diversidade específica foi observada no filo Ascomycota, seguida de Zygomycota e Basidiomycota. Anápolis foi o município mais amostrado, apresentando também maior número de espécies. A checklist de fungos coprófilos do Brasil mostrou riqueza elevada, com 209 espécies, sendo os ascomicetos o grupo mais frequente, seguido pelos zigomicetos, basidiomicetos e mixomicetos. O estado de Pernambuco apresentou o maior número de registros e de espécies. Os dados apresentados fornecem uma aproximação do perfil da comunidade de fungos coprófilos do Brasil e em contribuem para o desenvolvimento desta área da micologia no país.
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